Tempo de flor - apanhadores de sempre-vivas.

Por Valda Nogueira, Minas Gerais, 2015 - 2019.

  

A colheita de flores sempre-vivas é a principal fonte de renda para diversas comunidades rurais que vivem na Serra do Espinhaço em Minas Gerais. A região abriga cerca de 90 espécies dessas delicadas flores, que têm esse nome porque, mesmo depois de colhidas, mantêm sua forma e cor durante anos. 

Graças aos conhecimentos ancestrais que atravessam gerações e são atualizados à atualidade, à colheita de flores, às práticas tradicionais de cultivo e à criação de animais essas comunidades se estabelecem de forma sustentável. Os apanhadores de flores sempre-vivas exercem, assim, um importante papel na conservação da diversidade biológica presente no Cerrado Brasileiro, como seus guardiões desse legado. 

Infelizmente, essas comunidades vêm enfrentando um conturbado processo de desterritorialização causado pela expansão de empresas mineradoras, monocultoras de eucalipto, pecuaristas e criação de parques naturais sobre as terras comunais onde seus antepassados viveram e colheram flores - o que culminou num conflito socioambiental de grandes proporções  na região envolvendo conservação e direito à terra.

Buscando preservar sua identidade, os apanhadores de flores lutam por reconhecimento cultural e econômico, afim de garantir o direito de uso ancestral de seu território e dos recursos naturais dos quais dependem para sobreviver.